A Tv Brasileira nos anos 2000

É clichê criticar a TV aberta brasileira?

É. Mas ela melhorou?

Não.

Então,vamos lá...

A televisão aberta, lamentavelmente, atingiu o auge de sua degradação( penso: será que dá para piorar?). Os programas de entretenimento de maiores audiência são reality shows com famosos cuidando de animais, programas de namoro, de humor barato e "jornalismo" popular. E esses exemplos estão presentes em todas as emissoras do Brasil.

Não estou sendo hipócrita e exigindo uma programção 100% cabeça de conteúdos educativos e de interesse público. É claro que programas divertidos são importantes e interessantes de ver, mas o problema é na escolha e divulgação dos temas de cada programa.

O que é oferecido para os telespectadores hoje é um amontoado de futilidades...E o pior: caem no gosto popular e continuam a ser transmitidos.

O gosto popular se resume na curiosidade alheia, fofocas de quem está na mídia, comédia pastelão e noticiários bombásticos.

Não só o bom entretenimento está ameaçado na televisão brasileira, mas o jornalismo também, no caso o shownalismo. Filmar uma perseguição policial, transmitir flagrantes ao vivo...Enfim, tratar casos hardnews como espetáculos a render muita audiência.

É o cúmulo do sensacionalismo explorar, ao máximo, acidentes de trânsito, por exemplo!

Onde está a ética e valores morais que o senso comum tanto preza?

E a preocupação com os familiares de vítimas?

Tudo isso é esquecido porque, justamente, a falta desses fatores geram números positivos para a a audiência das emissoras. E esses programas de grande são formadores de opinião, minha gente!

Quem nunca disse "O povo gosta de tragédia"?

Isso é mentira? Em partes, é uma afirmação equivocada, mas é o que fatos apontam.

Lembram-se do Aqui Agora? E quando esse transmitiu um suicídio ao vivo?

O Aqui Agora saiu do ar em 1997, voltou ano passado e não chegou a ficar no ar por 2 meses(aliás, é muito interessante ler as curiosidades sobre o programa). Porém, ele deixou uma linhagem de telejornais do tipo Cidade Alerta, Brasil Urgente, Repórter Cidadão....

Notou o que esses nomes têm em comum?

São todos nomes fortes, de fácil memorização e apelativos. Os apresentadores matém uma postura semelhante e é comum ouvir do âncora algo do tipo: "Põe esse vagabundo na tela!"

Outro exemplo de sensacionalismo:

Mais de 65% dos televisores estavam ligados para assistir ao velório de Michael Jackson.( Teve "fã" que vibrou ao ganhar ingresso, isso mesmo...Ingresso!)

O velório do mega astro pop foi um show com público grande e participações de artistas famosos. Pouca gente estranhou o fato de que tinha um caixão no palco e cantavam para ele. Será que foi a despedida que M.Jackson queria ?

A mesma mídia que ajudou a derrubá-lo em meio aos encândalos de pedofilia o homenageou. Foram homenagens comoventes!

Não discuto se foi uma homenagem justa e sim sua enorme audiência na transmissão do showneral em todo mundo. No Brasil, quatro emissoras transmitiram !

A população não quer ver só tragédia, futilidade e não rimos de qualquer coisa que chamam de humor. Haãn....

O público alvo desses programas são as classes C,D e E que têm 57% da população analfabeta e semi-analfabeta. Para chamar atenção do público, as emissoras utilizam o esquema de usar e abusar de imagens chocantes, frases no imperativo e exploração da intimidade de famosos.

Os formadores de opinião têm responsabilidade pelo que divulgam e também têm a obrigação de fornecer uma programação decente, algo que realmente contribua para o povo e, no caso, a parcela carente de educação.

(Isso porque não citei as telenovelas...)